por Márcia Pereira
Nos últimos meses, a capital paulista foi invadida por porcos. É isso mesmo. Alguns endereços gourmet abriram suas portas na cidade para servirem à mesa uma verdadeira ode à carne tenra e rosada do suíno.
E, além do paladar, a saúde também agradece ─ biólogos e médicos afirmam que a carne de porco tem menos sódio que a de boi, por exemplo, e que o nível de colesterol não é maior do que em outras carnes. Além disso, a maneira que, hoje, os animais são criados praticamente afasta os riscos que, antes, rondavam essa iguaria, como o da cisticercose e teníase.
E, nessa onda “ocuppy menu” com pururuca, torresmo, lombo e pancetta, quem ganha é o apreciador dessa apetitosa carne, porque os chefs dedicados a propagar seus sabores tem caprichado na elaboração e apresentação dos pratos.
Um dos mais incensados restaurantes dessa nova onda é a Casa do Porco, na região central de Sampa. O meu elaborado pelo chef Jefferson Rueda tem sotaque mineiro e, curiosamente, oriental. O carro-chefe da casa é Porco à San Zé (R$ 42), um leitão a pururuca supermacio, acompanhado de couve crocante em tiras fininhas, um delicado tutu, farofa amarela e tartar de banana ─ uma dica: deguste tudo misturado. Mas é de comer ajoelhado, a entrada composta de pão no vapor (quem já foi em um dos tradicionais japas da Liberdade vai reconhecer esse pão) com barriga de porco, cebola roxa e pimenta (R$ 19). E se você ajoelha pra comer essa entradinha dos deuses, vai chorar quando comer o torresmo de pancetta com goiabada (R$ 24). A mistura do doce com o salgado e o picante é inesquecível e, sempre que você se lembrar da experiência, sua boca vai encher de água ─ é um fato.
Pra quem tiver coragem e muita gana de leitão, recomenda-se pedir a cabeça de porco ─ precisa ser encomendada com um dia de antecedência ─ , assada no carvão.
Tudo bem que o menu também contempla os fãs de peixes, frutos do mar e os ovo-lacto-vegetarianos, mas, por favor, quem for à Casa do Porco é para comer… PORCO! Ok!
O ambiente é descontraído e há mesinhas dentro, no salão, e fora, na calçada. Tem também um balcão, que reforça a informalidade da casa.
Como a fama do lugar já correu de boca em boca (compreensível), a espera para sentar pode durar três horas! Mas vale a pena aguardar, ainda mais se for bebericando uma cachaça geladinha ou a exótica cerveja Gordelícia ou mesmo a de nome sugestivo Horny Pig.
A CASA DO PORCO
Rua Araújo, 124, Centro, São Paulo
Telefone: (11) 3258-2578
Funcionamento: de segunda a sábado, das 12h à 0h; domingos das 12h às 17h.
O porco está tão em alta que bares e casas noturnas, apesar de não se dedicarem quase que exclusivamente a ele, fazem questão de oferecer um ou dois pratos besuntados pela sua tenra gordura. É o caso do Z Carniceria, um mix de bar, restaurante e casa de shows, próximo ao Largo da Batata (endereço do saudoso Aeroanta). Enquanto aprecia rock, jazz, blues e MPB, o cidadão pode se fartar com um prato de bochecha de porco, um sanduíche de costela ou, ainda, uma terrine de cabeça de porco.
Z CARNICERIA
Av. Brigadeiro Faria Lima, 724, Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 2936-0934
Funcionamento: almoço de terça a sexta, das 12h às 15h, e sábados e domingos, das 13h às 17h; jantar de terça a quinta, das 19h à 0h; sextas e sábados, das 19h às 2h; domingos, das 19h à 0h
Outro lugar que ganhou fama de trabalhar bem o animal é o Cateto. Originalmente uma casa da Mooca, abriu recentemente uma filial em Pinheiros – não à toa, na Rua Francisco Leitão!
O bar/restaurante é pequeno e aconchegante, o cardápio não tem a mesma fartura suína da Casa do Porco, mas já dá para aplacar a vontade da carne. Além de embutidos feitos com o animal, experimente o cozido de codeguim (linguiça feita com a pele do porco) com lentilhas. Para acompanhar, queijos e os defumados bourbons e whiskeys.
CATETO
Rua Fernando Falcão 810, Mooca, São Paulo
Telefone: (11) 2367-7521
Funcionamento: quartas e quintas, das 18h às 23h; sextas, das 18h às 24h; sábados, das 13h à 1h; domingos, das 13h às 23h
Rua Francisco Leitão, 272, Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 3063-5191
Funcionamento: de terça a quinta, das 18h às 24h; sextas, das 18h à 1h; sábados, das 13h à 1h
Márcia Pereira é formada em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP, trabalhou como repórter e editora em veículos da grande imprensa como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, e nas revistas Corpo a Corpo, Só Receitas e Contigo!, entre outras. Sua paixão por gastronomia a levou a viver experiências inesquecíveis, como fazer a pisa da uva à beira do rio Douro, em Portugal, e comer veado na Nova Zelândia. Comer e beber (e viajar para isso) são, definitivamente, alguns dos melhores prazeres da sua vida!