Charlotte Rampling é a melhor em “45 Anos”

45anos

Por Fabiano Liporoni

Vamos falar de atriz boa: Charlotte Rampling.
Na minha opinião, ela é a grande atriz do cinema hoje em dia.
Faz tudo quanto é tipo de filme e sempre faz bem. 

Vem filmando com todos os grandes diretores há mais de quatro décadas sem parar.
Inglês, francês, alemão, português… ela fala tudo e bem falado.
É linda, é boa, tem o olhar mais triste do cinema e um dos mais poderosos.
E há tempos merece um grande reconhecimento, um grande prêmio, e o povo fica falando só da Judi Dench.
(Nada contra Dame Judi, mas, por favor, né)
É a mesma coisa no Brasil: temos a Nathalia Timberg, deusa acima de tudo, e o povo só fala de Fernanda Montenegro.
De novo, nada contra a Fernanda, mas vamos dar o devido valor à Nathalia.
45 Anos, o mais recente filme que Charlotte estrela, poderia ser mais um filminho inglês com pinta de francês e mais nada.
Só que a atuação dessa mulher, da primeira à última cena, é um absurdo.
E já vou falando: ela tem o melhor ator ao seu lado, o também inglês Tom Courtenay, que dá outro show de verdade nesse filmeco.
Filmeco que conta a história de um casal na semana que vai completar 45 anos de matrimônio.
Em meio aos preparativos da festa, o homem recebe uma carta do governo alemão dizendo que achou o corpo congelado de sua “esposa” morta há 50 anos por cair numa fenda numa montanha.
E a calmaria e a rotina e a lucidez dos 45 anos de convivência vai abaixo.
A personagem de Charlotte entra numa paranoia indescritível, tudo por causa de uma ex-namorada de seu marido.
Claro que a sutileza e a delicadeza dela não deixam transparecer num primeiro momento, nem pra nós espectadores e muito menos para ele, o seu incômodo.
Mas aos poucos a “nóia” vai corroendo essa tranquilidade toda até o ápice, que é a melhor sequência do filme, a sequência de encerramento, já na festa.
Sem proferir uma única palavra, Charlotte mostra o quanto os seus 50 anos de carreira renderam.
Amo a Cate Blanchett em Carol, amo a Alicia Vikander em A Garota Dinamarquesa, amo todo mundo, mas desta vez é Charlotte Forever!

FABLIPOFabiano Liporoni, é colunista da ABSOLUTMAG
Diretor e roteirista de cinema, faz música pra cinema e escreve sobre
o tema aqui e, desde 2004, no seu blog Já Viu? (javiu.wordpress.com)