Um ano perdido para o Grammy

Lady Gaga (Carreck.com)
Lady Gaga (Carreck.com)

Este deveria ser um texto exaltando a entrega do Grammy, o prêmio máximo da indústria musical americana, que aconteceu na última segunda-feira.

Deveria ser um texto exaltando essa indústria tão gigante e tão prolífica que já nos deu muita gente importante, muito artista relevante.
Mas assistindo ao que consegui da premiação, eu cheguei a algumas conclusões que, se pensarmos bem, também refletem a nossa indústria da música brasileira, guardadas as devidas proporções.
Em primeiro lugar, o country e as suas vertentes continuam dominando a música americana.
Muitas apresentações ao vivo durante o Grammy, muitos artistas de vários subgêneros do country fazendo colaborações entre si, tudo numa prova de que o mercado da “música caipira americana” é, sim, o que domina a indústria de lá.
A grande artista americana hoje é a Taylor Swift, a menina prodígio do country que, nos últimos dois anos, virou a grande estrela pop americana é a prova viva disso tudo: o country saindo do interior e indo pras cabeças, como a grande aposta das gravadoras de lá.
O poder de Taylor foi visto nesse Grammy quando ela venceu o prêmio de álbum do ano e foi a primeira mulher a vencer esse prêmio duas vezes.
(Nada muito diferente do Brasil onde o sertanejo, o sertanejo universitário e todos os gêneros e artistas dentro dessas denominações dominam as rádios, TVs e o cotidiano por aqui).
Falando em música pop, uma das divas americanas, Lady Gaga, foi a grande atração do show com uma homenagem ao maior de todos: David Bowie, que faleceu em janeiro deste ano.
Patrocinada por uma empresa de tecnologia, Gaga cantou pequenos trechos de sucessos de Bowie num show quase circense, onde tinha lugares marcados no palco para que fossem feitas projeções em seu rosto, ou edições ao vivo de suas danças, ou que as mudanças ao vivo de seu figurino caricato e errado dessem certo.
No final das contas ninguém prestou atenção na música e todo mundo ficou tentando acompanhar o que Lady Gaga fazia nesse emaranhado de coisas, num momento que deveria ser importante em face do ocorrido.
Os prêmios continuaram sem nada de especial apenas com a novidade do rapper Kendrick Lamar ganhar vários prêmios na categoria Rap e fazendo a melhor apresentação da noite.
Já Adele, que cantou acompanhada de um piano, teve problemas no som da transmissão deixando muita gente decepcionada.
No final das contas, o Grammy 2016 foi uma grande decepção,mas mostra muito do que é a música hoje em dia, uma terra de quase ninguém.

FABLIPOFabiano Liporoni, é colunista da ABSOLUTMAG
Diretor e roteirista de cinema, faz música pra cinema e escreve sobre
o tema aqui e, desde 2004, no seu blog Já Viu?(javiu.wordpress.com)